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sábado, 30 de outubro de 2010

O fim da campanha eleitoral

Por Washington Araújo em 30/10/2010


Os últimos dias da campanha eleitoral 2010 registraram coisas bem inusitadas. A começar pelo Vaticano, com o papa em pessoa, Bento 16, afirmando que é dever dos bispos católicos orientar os fiéis sobre o voto em candidatos que se oponham ao aborto. Os intelectuais logo deram um jeito de mostrar desaprovação a esta indevida intromissão do Vaticano em assuntos internos do Brasil. Afinal estamos em eleição e esta etapa final tem sido marcado pela questão do aborto, com acusações de que a candidata "matava as criancinhas" e com o bispo de Guarulhos (SP) ordenando a impressão de estupendos 20 milhões de folhetos com material eleitoral contendo discurso típico da campanha oposicionista. Mas os candidatos Dilma Rousseff e José Serra preferiram não cutucar a onça religiosa com vara curta e responderam com o clássico "Amém!"

Já na blogosfera o coral parecia mais afinado. Só que na contramão do comando papal: Bento 16 deveria utilizar seu santo tempo na consolação das milhares de vítimas de padres pedófilos em tantos países do mundo e deixar as coisas da política brasileira para os próprios brasileiros.

Outros religiosos da mesma congregação apostólica romana aconselharam no moderno Twitter que o pontífice "dedicasse um tempo a título de silêncio obsequioso". Em questão de minutos tínhamos na web fotos de José Serra beijando estatuetas de santos. E o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizendo que o papa apenas mostrou coerência com a posição da igreja católica, que é a de condenar o aborto.

Em São Paulo tivemos caminhada em apoio a José Serra saindo do Largo de São Francisco. Cerca de 3 mil pessoas. Mas o que os portais na internet divulgaram com vivo interesse foi que o sapato de FHC perdeu o solado. As fotos o mostravam com a perna um pouco acima do chão e o sapato escancarando a famosa boca de jacaré. Há muitos anos não via uma imagem tão inusitada e divertida envolvendo um ex-presidente da República, um dos últimos eventos deste segundo turno da campanha e um sapato literalmente em petição de miséria. No mesmo horário, no Recife, o presidente da República arrastava cortejo com estimadas 100 mil pessoas e em menos de 48 horas chorava em público por estarem se esvaindo seus dias como presidente do Brasil.

Em miúdos

Durante toda a sexta-feira (29/10), o assunto mais comentado era o último debate a ser transmitido pela Rede Globo de Televisão em horário nobre. Formato diferente: 80 pessoas indecisas de todo o Brasil, selecionadas pelo instituto de pesquisas Ibope, fazendo perguntas sobre temas pré-agendados. Os candidatos também podiam se movimentar livremente no palco. Na função de observador da imprensa anotei o seguinte sobre os candidatos:

** Dilma Rousseff apresentou calma, conseguiu concatenar de forma lógica suas ideias, mencionou números, dados técnicos e guardou distância regulamentar de raciocínios apressados e postura agressiva. Estava como peixe em aquário familiar, tocando em diversos temas, arranhando um ou outro, mostrando maior proximidade de quem fazia a pergunta (o tal eleitor indeciso). E, finalmente, foi objetiva, direta nas respostas. Estava tão à vontade que até pilheriou, riu com o apresentador William Bonner por questão de erro da própria Globo na cronometragem de seu tempo em uma de suas últimas intervenções.

** José Serra estava livre, leve e solto. Fazia questão de mostrar forçada amizade e familiaridade com quem fazia a pergunta, carregando na pronúncia do nome. Aquele jeito de "desde sempre fomos amigos de infância". Usou muitas frases de efeito, expressou suas impressões pessoais, deu estocadas no varejo no governo atual. Pareceu estar sempre pronto a recitar slogans de campanha. Ameaçou ser agressivo, mas se conteve. Parecia temer um embate direto com a adversária.

Serra foi beneficiado amplamente com as tomadas do cameraman, principalmente em sua fala final, quando a câmera fechou em close em seu rosto. Enquanto isso, o enquadramento no momento em que Dilma fazia suas considerações finais pegava sempre ela de perfil e, quando de frente, de corpo inteiro.

Trocando em miúdos: Dilma falou com plano aberto de câmera e de lado para o vídeo. Serra ficou dois minutos em close falando direto ao coração do eleitor. Como me dizia um colega professor desde os tempos do caso Proconsult, em 1982: "Meu caro, para bom entendedor..."

Retrocesso indesejado

Essa opção de colocar "indecisos" diante de suas potenciais opções merece algumas observações. Primeiro, os indecisos parecem ter sempre o perfil daquele brasileiro desencantado com a vida, sofrido pra chuchu, desiludido com a sociedade como um todo e suas falas parecem ter início a partir do portão de sua casa. Como são perguntas lidas, ficam com aquele jeito de coisa escrita e revisada umas duas ou três vezes, adquirindo assim forma de cacoete literário. O nível das perguntas, a forma como estavam formuladas beneficiavam o estilo Dilma de comunicação – nada de muito rebuscado, se é que me entendem.

As respostas de Dilma guardavam correlação com o próprio nível das perguntas. Mas o recorrente estilo de reclamação da realidade brasileira – seja na segurança seja na saúde – beneficiava o discurso de José Serra, que ultimamente tem apresentado em seus programas eleitorais e em entrevistas o Brasil terra arrasada onde nada funciona, nada dá certo, tudo merece nota inferior a zero.

De qualquer forma, tem gente apostando o braço direito de que boa parte das perguntas foram feitas na própria redação do Jornal Nacional ou do Jornal da Globo, e não pelos "indecisos". Curioso que dentre o conjunto de 12 perguntas formuladas por cada "indeciso", parece que o que valeu mesmo foi o critério de seleção usado pela emissora do Jardim Botânico: nenhuma pergunta sobre privatização, Petrobras, disseminação da banda larga, nem cheiro de qualquer comparação entre os períodos 1995-2002 e 2003-2010.

(O leitor deve ter notado que sempre coloco entre aspas a palavra "indeciso". Faço isso porque como gato escaldado já vi gente ser apresentada como indecisa em debate do primeiro turno desta mesma eleição e, na verdade, o sujeito tinha não apenas vínculo profissional partidário como estava engajado até o pescoço na campanha de uma candidatura.)

Para fechar este meu raciocínio devo destacar que, bem antes do final do debate, a câmera captou um dos "indecisos" se levantando para aplaudir a fala do candidato tucano.

Ao cabo e ao fim, considero que o melhor debate destas eleições foi aquele mediado pelo jornalista Fernando Rodrigues e promovido pelo UOL-Folha de S.Paulo. E o melhor de tudo é que os falsos temas não vieram para ficar: assim como chegaram, se foram. Seria um retrocesso imperdoável para a sociedade brasileira voltarmos a repensar a relação do Estado brasileiro com a Igreja...

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=613JDB016

O debate final na Globo

Terminado o debate da globo, onde eleitores "indecisos" faziam perguntas aos candidatos a presidente, Serra e Dilma, acontece cena inusitada. Dilma foi cercada pela maioria de "indecisos" (foto no IG). A maior tietagem. Saia justa para a Glogo. Mais uma vez,a Globo mostrou que continua parcial como sempre foi. Nas considerações finais, filmou Dilma com câmera lateral e bem de longe. Logo em seguida, quando Serra fez suas considerações finais, a câmera filmou em "close". Em determinado momento Dilma aparecia na lateral do vídeo. A câmera aproximou ainda mais de Serra. Achei demais a "imparcialidade" da "poderosa", como dizia Clodovil. Mais uma vez observamos a imprensa golpista atuando. Já fizeram isso com Vargas, Jango,Lula...
A história não os absolverá!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sou Professor

Sou professor.

Nasci no momento exato em que uma pergunta saltou da

boca de uma criança.

Fui muitas pessoas em muitos lugares.

Sou Sócrates, estimulando a juventude de Atenas a

descobrir novas idéias através de perguntas.

Sou Anne Sullivan, extraindo os segredos do universo

da mão estendida de Helen Keller.

Sou Esopo e Hans Christian Andersen, revelando a

verdade através de inúmeras histórias.

Sou Marva Collins, lutando pelo direito de

toda a criança à Educação.

Sou Mary McCloud Bethune, construindo uma

grande universidade para meu povo, utilizando

caixotes de laranja como escrivaninhas.

(...)

Os nomes daqueles que praticaram minha profissão

soam como um corredor da fama para a humanidade...

Booker T. Washington, Buda, Confúcio,

Ralph Waldo Emerson, Leo Buscaglia, Moisés e Jesus.

Sou também aqueles cujos nomes foram há muito

esquecidos, mas cujas lições e o caráter serão sempre

lembrados nas realizações de seus alunos.

Tenho chorado de alegria nos casamentos de ex-alunos,

gargalhado de júbilo no nascimento de seus filhos e

permanecido com a cabeça baixa de pesar e confusão ao

lado de suas sepulturas cavadas cedo demais,

para corpos jovens demais.

Ao longo de cada dia tenho sido solicitado como ator,

amigo, enfermeiro e médico, treinador, descobridor

de artigos perdidos, como o que empresta dinheiro,

como motorista de táxi, psicólogo, pai substituto,

vendedor, político e mantenedor da fé.

A despeito de mapas, gráficos, fórmulas, verbos,

histórias e livros, não tenho tido, na verdade,

nada o que ensinar, pois meus alunos têm apenas a si

próprios para aprender, e eu sei que é preciso o mundo

inteiro para dizer a alguém quem ele é.

Sou um paradoxo.

É quando falo alto que escuto mais.

Minhas maiores dádivas estão no que desejo receber

agradecido de meus alunos.

Riqueza material não é um dos meus objetivos,

mas sou um caçador de tesouros em tempo integral,

em minha busca de novas oportunidades para que

meus alunos usem seus talentos e em minha procura

constante desses talentos que, às vezes,

permanecem encobertos pela autoderrota.

Sou o mais afortunado entre todos os que labutam.

A um médico é permitido conduzir a vida num

mágico momento.

A mim, é permitido ver que a vida renasce a cada

dia com novas perguntas, idéias e amizades.

Um arquiteto sabe que, se construir com cuidado,

sua estrutura poderá permanecer por séculos.

Um professor sabe que, se construir com amor e verdade,

o que construir durará para sempre.

Sou um guerreiro, batalhando diariamente contra a

pressão dos colegas, o negativismo, o medo, o conformismo,

o preconceito, a ignorância e a apatia.

Mas tenho grandes aliados: Inteligência, Curiosidade,

Apoio paterno, Individualidade, Criatividade, Fé, Amor

e Riso. Todos correm a tomar meu partido com apoio indômito.

E a quem mais devo agradecer por esta vida maravilhosa,

que sou tão afortunado em experimentar, além de a vocês,

ao público, aos pais?

Pois vocês me deram a grande honra de confiar-me suas

maiores contribuições para com a eternidade: seus filhos.

E assim, tenho um passado rico em memórias.

Tenho um presente de desafios, aventuras e divertimento,

porque a mim é permitido passar meus dias com o futuro.

Sou professor... e agradeço a Deus por isso todos os dias.



John W. Schlatter

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Serra Corre Risco de Desmobilização. Estagnação no Datafolha pode desanimar militância do PSDB.


A pesquisa Datafolha realizada hoje (26.out.2010) indica uma estabilidade total em relação ao levantamento da semana passada. Hoje, Dilma Rousseff (PT) tem 56% dos votos válidos. José Serra (PSDB) tem 44%. São exatamente os mesmos percentuais do dia 21.out.2010.

Ou seja, a diferença entre a petista e o tucano continua sendo de 12 pontos.

Nessa circunstância, a virada tucana fica um pouco mais longe no horizonte das possibilidades. O risco maior a esta altura para Serra é a desmobilização daqueles que são seus apoiadores.

O reduto serrista se concentra nas regiões Sul e Sudeste. São também daí os eleitores que mais costumam viajar em feriados prolongados, como esse de Finados que estará emendado ao domingo (31.out), dia da eleição.

Um aumento de abstenção no Sul e no Sudeste tende a prejudicar mais a Serra do que a Dilma. E como os eleitores tucanos podem se desanimar se as pesquisas mostrarem pouca chance de virada, as coisas se complicam mais para o candidato do PSDB.

Do lado de Dilma também há riscos. Por exemplo, o ânimo exacerbado que acaba relaxando os militantes – cujo raciocínio pode ser do tipo “se já está tudo definido, não preciso me esforçar”. Como esse erro já foi cometido pelos petistas no 1º turno, em tese, não se repetirá agora.

Por fim, o Datafolha ainda encontra 8% de indecisos e 5% que votam em branco ou nulo. Só haveria uma virada se ocorresse algo estatisticamente impossível: todos se decidindo a favor de Serra. Em geral, os indecisos se dividem proporcionalmente aos candidatos de acordo com o percentual que cada um já tem.
Autor: Fernando Rodrigues.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Maringá




Vista a partir da Catedral e Vila Olímpica.
(Fotos André Renato)






O Canto da Sereia para Marina Silva

A neutralidade de Marina Silva, no segundo turno das eleições presidenciais, denotam, no mínimo, que a candidata do PV se rendeu ao canto da sereia. Leia-se a mídia, e os paparicos que recebeu dos setores pró-Serra, após constatarem sua grande votação de 20 milhões de votos.
Evidentemente que a candidata poderia optar pela neutralidade. Mas, ficar "em cima do muro" denota que está tentando se preservar para um futuro político, creio que, no seu entendimento, muito promissor.
Pela sua grande vivência política junto aos movimentos sociais e no PT, é evidente que Marina Silva tem perfeita clareza dos projetos políticos colocados nesta eleição presidencial.
Desnecessário dizer que Marina construiu sua história por anos, no projeto político ora encaminhado pela candidatura Dilma.
Não declarar apoio à candidatura Dilma demonstra que Marina Silva está renegando seu próprio passado político. É tentar alçar vôo solo sem nenhum suporte, meio que às cegas.
Os possíveis embates que supostamente Marina Silva travou dentro do governo Lula, ou no âmbito dos ministérios coordenados por Dilma justificam essa postura?
Parafraseando Bob Dylan: the answer is bloowing, in the wind...
E finalmente, observando o sábio Miguel de Cervantes:
"A história é êmula do tempo, repositório dos fatos, testemunha do passado, exemplo do presente, advertência do futuro."

sábado, 16 de outubro de 2010

Marina, você se pintou?

Por: Maurício Abdalla

Professor de filosofia da UFES

Marina, morena Marina, você se pintou diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o grito da Terra e o grito dos pobres, como diz Leonardo.
Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?
Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar.
Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz. Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.
Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano. Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais. Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a vitória da Marina. Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.
Marina, você faça tudo, mas faça o favor: não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você tanto faz. Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele.
Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu.
Texto publicado no blog do meu antigo aluno: Mateus Brandão.

"Serra Fujão"


Alguns dizem na internet que o texto é do Pedro Bial, mas, não sei se é verdade!

"O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que “um filho seu não foge à luta”. Tanto Serra como Dilma eram militantes estudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes, resolveram dar o mais besta dos golpes militares da ...desgraçada história brasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças, covardes, medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro, “colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para o Chile, França, Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político durante longos 16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos salários. Foi nas belas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, Mônica Allende Serra, chilena. Outras lideranças não fugiram da luta e obedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeiros heróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreram prisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa. Nesse grupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora, fiel guerreira da solidariedade e da democracia. Foi presa e torturada. Não matou ninguém, ao contrário do que informa vários e-mails clandestinos que circulam Brasil afora. Não sou partidário nem filiado a partido político. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, e Dilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na eleição presidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!"

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Blog "De vez em quando"

Bem, penso que este blog só é "alimentado" quando sobra tempo!
Fico pensando que não poderia mesmo ser jornalista! Ser professor já é muito "corrido"!
O trabalho nos dois colégios neste ano de 2010, ocupa totalmente o tempo, e escrever aqui me parece um hábito já muito distante!
A postagem abaixo a respeito das eleições me pareceu ser um bom motivo para uma "visita" a este espaço!
Vou tentar estar aqui mais vezes!
Até mais!

Deixem o palhaço legislar

Reproduzo aqui o artigo do xará: Sérgio Malbergier, da Folha de São Paulo. Simplesmente demais!
Tiririca é o novo herói nacional. A expressão mais raivosa e consistente do voto de protesto contra o corpo político brasileiro. Que a Justiça esteja já acionada para cassá-lo por suposto analfabetismo revela como o palhaço/deputado federal mais votado do país ameaça o sistema. O deboche e o humor são armas poderosas.
E que boa piada: uma Justiça sem dentes para barrar os eternos abutres da política afia suas garras diante do palhaço nordestino que, como nosso consagrado presidente, veio de muito baixo na pirâmide social para afirmar-se de forma retumbante em São Paulo.
Quem conhece e representa melhor o Brasil profundo do que o palhaço Tiririca hoje na política? Só Lula. Que elitismo suspeito esse preconceito contra o suposto analfabetismo do palhaço. Quem melhor que um analfabeto ou semi-analfabeto para representar os milhões de mal educados do país? Analfabeto não é incapaz nem criminoso para ter direitos políticos limitados. Muito pelo contrário, é vítima da má gestão desta obrigação pública mais básica que é a educação.
Se a Wikipédia está certa, o palhaço Tiririca começou a vida no circo aos 8 anos, em Itapipoca, no Ceará, e estourou regionalmente com a música "Florentina", que a Sony Music tornou megahit nacional em 1996.
Ele já teve problemas com a lei naquela época por causa da música "Veja os Cabelos Dela", que lhe rendeu uma acusação de racismo, da qual foi inocentado. A letra, puro Tiririca, dizia: "Veja, veja, veja, veja, veja os cabelos dela/Parece bombril, de ariá panela/Parece bombril, de ariá panela/Quando ela passa, me chama atenção/Mas os seus cabelos, não tem jeito não/A sua caatinga quase me desmaiou/Olha eu não aguento, é grande o seu fedor".
Uau!
A singeleza sempre foi seu atributo. Os jingles e os spots de sua campanha, feitos de forma despretensiosa por amigos humoristas, devem ser estudados pelos caríssimos marqueteiros de plantão. São a maior lição de marketing político desta campanha.
Dançando daquele jeito nordestino, o palhaço canta meio preguiçoso: "O que é que faz um deputado federal? Na realidade, eu não sei. Mas vote em mim que eu te conto", ou "Pior do que tá não fica, vote Tiririca". Bingo!
Os mais de 1,3 milhão de votos que Tiririca teve em São Paulo não podem ser desclassificados por essa Justiça incapaz de julgar os que deveriam ser julgados e que ainda por cima pode barrar a melhor notícia desta eleição: a lei da ficha limpa.
Deixem Tiririca legislar. Queremos vê-lo dançando no tapete do Congresso e discursando daquele jeito engraçado no microfone do plenário. Estará, legitimamente, representando muita gente. Dos que enfrentam as mesmas dificuldades e preconceitos que ele enfrentou e enfrenta aos que acham que a política brasileira é uma grande piada.

Sérgio Malbergier é jornalista. Foi editor dos cadernos Dinheiro (2004-2010) e Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial da Folha a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha.com às quintas.