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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011





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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Cataratas do Iguaçú, vista aérea


Imagem das Cataratas do Iguaçú no lado da Argentina


Placa em Homenagem à Cabeza de Vaca nas Cataratas do Iguaçú

Cabeza de Vaca e as Cataratas do Iguaçu




O espanhol Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, foi o primeiro europeu a chegar às Cataratas do Iguaçu, em janeiro de 1542. Nomeado Adelantado (governador) espanhol no Rio da Prata, Cabeza de Vaca, aportou na Ilha de Santa Catarina em 1541 (então território espanhol). Daí percorreu o interior do que seria depois o Estado do Paraná, pelo caminho indígena do Peaberu, até alcançar a cidade de Assuncion, onde assumiria o cargo de governador. Ao descer o Rio Iguaçu, no caminho para Assuncion, chega ao local das cataratas que os índios chamavam de Iuazú (Àgua Grande). Não há comprovação histórica, mas, ao avistar os saltos, Alvar teria dito: "Santa Maria, que beleza!". E, teria batizado as cataratas de Salto Santa Maria. Este é o relato feito pela expedição de Cabeza de Vaca:




"...Tendo deixado os índios do rio Piquiri muito contentes,o governador seguiu o seu caminho (...) por onde passavam, os índios cantavam e dançavam e sentiam maior prazer quando as velhas se alegravam, pois são muito obedientes a estas, o mesmo não se dando com relação aos velhos. (...) o governador comprou algumas canoas dos índios e embarcou com oitenta homens rio Iguaçu abaixo (...) mas (...) era tão forte a correnteza que as canoas corriam com muita fúria. Logo adiante do ponto onde haviam embarcado o rio dá uns saltos por uns penhascos enormes e a água golpeia a terra com tanta força que de muito longe se ouve o ruído. (...)"



A região sul da América do Sul, foi muito disputada por portugueses e espanhóis durante o período colonial. Território espanhol segundo o Tratado de Tordesilhas (1494), a região é porta de entrada para o interior do continente através dos inúmeros rios, particularmente o Rio Paraná e o Rio Paraguai, por onde se poderia chegar à região das minas de prata e ouro do Perú e da Bolívia. Através do Tratado de Madri, em 1750, os limites territoriais das colônias ibéricas são redefinidos. Os atuais estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul ficam sob a posse de Portugal, decisão essa referendada no Tratado de Badajós em 1801. Mas, os limites definitivos somente foram fixados no século XIX, quando Argentina, Paraguai e Brasil já estavam independentes dos colonizadores. Por se tratar de uma região de difícil acesso, as cataratas ficaram longe dos olhares do "branco civilizado" por um considerável período.

A fundação de Foz do Iguaçú no final do século XIX, transformado em município em 1914, possibilita a "redescoberta" das cataratas, aos poucos. Em abril de 1916, o inventor e aeronauta Santos Dumont após conhecer os saltos, é o primeiro a sugerir a criação de um parque nacional para a proteção da área. No mesmo ano, em 28 de julho o presidente (governador) do Estado do Paraná, Affonso Alves de Camargo, transformou em terras públicas a região que abriga as cataratas. Em 1934, foi criado o Parque Nacional do Iguassu, no lado da Argentina, e em 1936 o Parque Nacional do Iguaçú no lado brasileiro.



Segundo o Wikipédia, o aparecimento das cataratas para os índígenas tupi-guaranis, é explicado através da seguinte lenda:
"Há muitos anos atrás, o Rio Iguaçú, corria livre, sem corredeiras e nem cataratas. Em suas margens habitavam índios caingangues, que acreditavam que o grande pajé M'Boy era o deus-serpente, filho de Tupão. Ignobi, cacique da tribo, tinha uma filha chamada de Naipí, que iria ser consagrada ao culto do deus M’Boy, divindade com a forma de grande serpente.
Tarobá, jovem guerreiro da tribo se enamora de Naipi e no dia da consagração da jovem, fogem para o rio que os chama: - "Tarobá, Naipí, vem comigo!" Ambos desceram o rio numa canoa. M’Boy, furioso com os fugitivos, na forma de uma grande serpente, penetrou na terra e retorceu-se, provocou desmoronamentos que foram caindo sobre o rio, formando os abismos das cataratas. Envolvidos pelas águas, caíram de grande altura. Tarobá transformou-se numa palmeira à beira do abismo, e Naipí, em uma pedra junto da grande cachoeira, constantemente açoitada pela força das águas. Vigiados por M’Boy, o deus-serpente, permanecem ali, Tarobá condenado a contemplar eternamente sua amada sem poder tocá-la".



As cataratas são formadas por 275 saltos, ao longo de 2,7 km de extensão no Iguaçú, que no local, faz a divisa entre Brasil e Argentina. Em algumas partes os saltos tem altura de oitenta a setenta metros.



Vale a pena conhecer.

http://www.diaadiaeducação.pr.gov.br/
http://www.h2foz.com.br/
http://www.wikpedia.com/
http://www.google.com/

SHIMIDT, Maria. Nova História Crítica. 1.ed. São Paulo: Nova Geração, 2005.
CARDOSO, J. A.; WESTPHALEN, C. M. Atlas Histórico do Paraná. Curitiba: Editora Livraria do Chaim, 1986.





Naufrágios & Comentários, o relato de Alvar Nuñez Cabeza de Vaca













Um aventureiro que combateu o genocídio dos índios






Precioso como fonte primária, este relato conta as aventuras e desventuras deste que foi um dos mais intrépidos e incomuns conquistadores da história colonial da América. Ao naufragar na Flórida em 1527, ele caminhou, descalço e nu, dezoito mil quilômetros até o México, onde chegou em 1537.
Em 1541, nomeado governador do Rio da Prata, Cabeza de Vaca aportou na ilha de Santa Catarina – onde viveu alguns meses – e dali partiu, também a pé, rumo a Assunção, Paraguai, onde chegou em 1542. Durante toda sua vida aventureira – na Flórida, no Texas, no México, no Brasil e no Paraguai –, lutou em favor dos povos indígenas. E pagou caro por isso: foi preso e enviado para o exílio. Em Naufrágios e comentários, Cabeza de Vaca narra suas fantásticas aventuras e desventuras bem como suas infrutíferas tentativas de impedir o genocídio perpetrado pelos brancos na América.





Jornada em busca da iluminação

Henry Miller­



Desde minha jornada através do Pesadelo Refri­­ge­­ra­do [1],tenho permanecido obcecado pela idéia de que a maior desgraça já imposta ao homem branco aconteceu neste continente. Mesmo quando criança, ficava impres­sionado com a história de que os índios haviam recebi­do os primeiros brancos como deuses. Mais tarde, já adulto, e particularmente como americano, não havia nada relacionado à desumani­dade do homem com seu semelhante que me entristecesse mais do que o vergo­nhoso registro de nossas relações com os índios. Passei então a considerar essa fase da nossa história de outra maneira, de uma maneira ainda mais triste. Vi a recusa do homem branco em representar o papel que era es­pe­­rado dele como uma oportunidade perdida – uma oportunidade de fato, e que talvez jamais lhe seja dada novamente.
Então surgiu a história de Cabeza de Vaca, dos mi­lagres que realizou, não apenas para si mesmo como pa­ra outros. Foi o primeiro momento glorioso que encon­trei na legenda sangrenta criada pelos conquistadores. Devo acrescentar que, na verdade, trata-se de um perío­do glorioso para a história do homem como um todo porque De Vaca, num determi­nado momento, deixa de ser um personagem histórico e se torna um símbolo. É esta visão da jornada que me faz preferir seu relato ao de outros. Qualquer análise mais profunda deste li­vro eleva seu drama a um plano que pode ser compara­do a outros eventos espirituais na cadeia dos esforços incessantes do homem em busca da autolibertação.
Para mim, a importância deste registro histórico não está no fato de que De Vaca e seus homens foram os primeiros europeus a atravessar o continente america­no, que abriram caminhos que outros exploradores se­guiram, ou que suas peregrinações provaram a existên­cia de uma massa de terra de proporções continentais ao norte da Nova Espanha, ou mesmo porque, com seus inflamados protestos, De Vaca fez terminar – ain­da que momentanea­mente – as bárbaras capturas de escravos naquela região; mas sim porque, em meio a suas provações, depois de anos de infrutíferas e amar­gas peregrina­ções, um homem que já havia sido um guerreiro e um conquis­ta­dor, fosse capaz de dizer: “En­sinarei o mundo a conquistar pela bondade, não pela matança”. Porque, no curso de suas atribulações e triunfos, Cabeza de Vaca veio finalmente a compreender que “um homem é tanto quanto ele é perante Deus, e não mais”, para usar as palavras de São Francisco. A jorna­da é o simples e comovente relato de um homem destituí­do de tudo e obrigado a agir em cada momento de sua vida sob a visão de Deus.
Tão terrível quanto estar separado de seus compa­nheiros, permanecer nu e faminto durante dias e sema­nas, às vezes meses sem fim, tão terrível e humilhante quanto ser feito escravo pelo povo que tinham vindo conquistar, o pior mesmo “era abandonar pouco a pou­co os pensamentos que vestem a alma de um europeu, e mais do que tudo a idéia de que o homem adquire força através do punhal e da adaga...” Quão eloqüentes são suas palavras quando, perto do final da jorna­da, ele encontra os outros membros da expedição, que tinham devastado a terra e escravizado os índios. “Ao en­ca­rar estes saquea­dores”, escreve, “fui compelido a en­carar o cavaleiro espanhol que eu mesmo tinha sido oi­to anos atrás.”
[2]
Este tema retorna outra vez: o homem que eu era contra o homem que sou agora. A conversão não foi ape­nas profunda e completa, mas viva em sua consciência, a um grau quase intolerável de se ler.
Há uma tendência por parte dos comentaristas de não acreditarem nos prováveis milagres operados por Álvar Núñez Cabeza de Vaca. Incapazes de negar a ve­racidade desses fatos, buscam explicá-los insinuando que, conscientemente ou não, os espanhóis apenas imitaram os xamãs indígenas. Louvam a modéstia dos espanhóis, que atribuíram seu sucesso ao auxílio direto do poder divino, mas ao mesmo tempo tentam desculpar os exa­geros e equívocos nascidos de uma imaginação inflama­da. Por essa atitude, parece-me que fogem por completo da questão dos milagres. Afinal, se De Vaca e seus homens são considerados suspeitos, que dizer então dos poderes efetivos dos xamãs?
O que me parece evidente é que os europeus civili­zados de quatro séculos atrás já haviam perdido algo que os índios ainda possuíam – e, em determinadas regiões, pos­suem ainda. Nenhum de nossos pajés moder­nos, apesar da “superioridade” de seu conhecimento e equipamento, é capaz de realizar curas milagrosas. Pa­rece ter sido esquecido que os espanhóis adquiriram seus poderes para curar apenas quando suas vidas es­tavam amea­çadas. Se tivessem sido hábeis e perspica­zes obser­vadores das práticas dos xamãs, teriam explo­rado esses poderes muito antes de atingirem tal extre­mo. Nada pode ser explicado ao, simplesmente, atribuir-­se seu sucesso par­cial ou provável a “um novo procedi­mento, desconhecido e incrível”. Estamos interessados é em saber como e por que esses métodos funcionavam e, se funcionavam, por que agora já não funcionam?
Acredito também, e por isso nunca cessarei de fa­lar deste pequeno livro, que a experiência desse espanhol solitário e deserdado no sertão da América anula toda a experiência democrática dos tempos modernos. Creio que, se vivesse hoje e lhe mostrassem as maravi­lhas e horrores do nosso tempo, ele voltaria instanta­neamente ao modo de vida simples e eficaz de quatro séculos atrás. Acredito que São Francisco faria o mes­mo, assim como Jesus, Buda e todos aqueles que viram a luz. Não consigo acreditar em nenhum momento que teriam alguma coisa a aprender com nosso modo de vida.
As propostas deste acordo de boca mundial eu co­nheço, mas suas atitudes falam distintamente. De Vaca aprendeu que se cura pela fé, que se conquista pela bondade. “É curioso”, escreve a Sua Majestade, “quan­do não se tem ninguém ou nada em que se confiar a não ser em si mesmo.” Sim, é realmente curioso. “Para se entender o que significa não ter nada, é preciso não ter nada.” Verdade. E, ainda assim, apenas um punha­do de homens em toda a história se atreveram a esta experiência.
Os homens que governam o mundo prometem isto e aquilo, liberdade, honra, segurança e – trabalho. Suas promessas são vazias e têm se provado vazias sempre. Mas os homens vazios gostam de promessas vazias. O homem que aconselha: “Olhe para você mesmo, o po­der está dentro de você!” é visto como um sonhador e um louco. Mas estes são os homens que fizeram mila­gres, que mudaram o mundo. Nenhum deles falou de posse, segurança, honra ou de liberdade. Falaram de Deus e de sua presença em todos os lugares, mesmo na alma de um descrente. Falaram dos ditames do cora­ção, de dedicação e devoção, em servir o próximo, de caridade, de amor, de tolerância e indulgência, de hu­mildade, de perdão. Cabeza de Vaca foi um dos poucos homens deste grande hemisfério que agiu sob estes prin­cípios de fé. A história simples de sua iluminação, sua irrevogável mudança de coração, apaga os rastros san­grentos de Cortez e Pizarro e de todos os conquistadores da terra desde tempos imemoriais. Nos leva a acreditar, desde o fundo de nossos corações, que um homem pode parar em seu caminho e, ao encarar a verdade, exempli­ficá-la através da ação. Nos leva a acreditar ainda mais que, na verdade, nada menos do que isto jamais satisfará o homem. E acredito ser este o significado da jor­nada que estamos todos fazendo.


[1] Depois de dez anos como um expatriado na Europa, Henry Miller retornou aos Estados Unidos em 1939. Decidiu então viajar de carro pelo país. O relato cáustico e inconformado dessa viagem foi publicado em 1945, sob o título de Air-Con­ditioned Nightmare, que é a maneira como Miller define seu país. (N.E.)
[2] Esta e todas as demais citações que Miller faz das palavras de Cabeza de Vaca não são textuais. Foram tiradas de uma novelização bastante precisa da trágica viagem do conquistador, feita em 1939 por Haniel Long e publicada sob o título de The Marvelous Adventure of Cabeza de Vaca (Frontier Press, 1941). Originalmente, o prefácio de Miller foi escrito pa­ra o livro de Long. (N.E.)


Publicado por: http://www.lpm-editores.com.br/ em 14/12/2009.

Sobre a figura histórica de Cabeza de Vaca

Cabeza de Vaca e a Utopia Plausível

Eduardo Bueno

Foi enquanto se encontrava na ilha Terceira, no ar­qui­pélago dos Açores, aguardando o retorno à Espanha depois de dez anos de terrível peregrina­ção por pânta­nos, desertos e montanhas da América do Norte que Ál­var Núñez Cabeza de Va­ca deve ter recebido as primei­ras informações precisas sobre a região do rio da Pra­ta, da qual em breve se tornaria gover­nador.
Era junho de 1537 e Cabeza de Vaca, então com 45 anos, estava voltando para casa como um dos quatro únicos sobre­viventes da mais fracassada entre inúme­ras expedições malsucedidas à Flórida. Chefiada por Pánfilo de Narváez, um truculento veterano da conquis­ta de Cuba, essa aventura iniciada em julho de 1527 custara a vida de quase quinhentas pessoas em troca de nenhum resultado prático.
Apenas De Vaca, seus companheiros Andrés Doran­tes e Alonzo del Castillo, mais o escravo mouro Estevan, foram capazes de sobreviver aos inúmeros naufrágios, vários com­­ba­tes contra os indígenas e quase três anos de escravidão. A seguir, se tornariam os primeiros ho­mens do outro lado do Atlântico a cruzar os atuais es­tados do Texas, Novo México e Arizona; os primeiros a se defron­tar com o bisão, a atravessar o rio Grande e a entrar em contato com tribos que, mais tarde, te­riam um papel histórico bastante significativo, como os sioux e os zuni.
Mas a única informação realmente importante que puderam oferecer ao vice-rei da Nova Espanha, Antônio de Mendoza, quando por fim, depois de uma jornada verdadeira­mente épica, conseguiram atingir a cidade do México, tendo caminhado, descalços e nus, mais de de­zoito mil quilômetros desde os charcos da Flórida, era – como expedições posterio­res amargamente descobri­riam – apenas uma lenda.
A notícia que De Vaca e seus homens traziam se transformaria num dos mitos mais duradouros da con­quista do sudoeste dos Estados Unidos. E clamaria ain­da muitas vidas antes de revelar-se lendária. Próximas aos desertos pelos quais cruzara Álvar Núñez com os mais de mil índios que o seguiam, perdida entre cactos imensos e dunas escaldantes, erguiam-se, segundo garan­tiam os indígenas, as riquíssimas Sete Cida­des Doura­das de Cíbola – cada qual maior e mais suntuosa do que Tenochtitlan, a capital asteca descoberta e conquis­tada por Cortez em 1519.
Embora originária de uma tradição medieval e pro­vavel­mente ibérica, bastante difundida em Portugal ao tempo de dom Henrique, o Navegador, a lenda das Sete Cidades1 despiu-se de seu caráter insular e arrastou para o coração desértico da América do Norte pelo menos três expedições – uma delas sob a orientação de Este­van, o negro, que nela foi morto pelos zuni; outra che­fiada por Francisco de Coronado, que acabaria por des­cobrir o Grand Canyon do rio Colorado.
Provavelmente, menos pelas riquezas fabulosas de Cíbola do que pelo fervor com que abraçara a defesa dos povos indígenas com os quais havia cruzado ao lon­go de seu caminho – e também, é claro, pelo enorme poder político que obteria –, Cabeza de Vaca retornou à Espanha disposto a convencer o imperador Carlos V a nomeá-lo Adiantado da Flórida e das novas províncias que ajudara a descobrir. Foi uma amarga decepção sa­ber que tal título já havia sido concedido a Hernando de Soto nos primeiros meses de 1537.
É provável que De Vaca então tenha lembrado do que o piloto Gonzalo de Acosta, um português a serviço de Castela, lhe falara quando os navios de ambos se en­contraram nos Açores. Voltando para casa depois de dez anos de desven­turas, Cabeza de Vaca só havia chegado à ilha Terceira porque seu navio fora salvo do ataque de piratas franceses por uma armada de nove carave­las portuguesas. Já Acosta, ou da Costa, conduzia a nave Ma­dalena, com a qual dom Pedro de Men­doza, o pri­meiro Adiantado do rio da Prata, abando­na­ra Buenos Ai­res em princípios de 1537 e na qual morreria, fulminado pela sífilis, antes de chegar à Espanha. Acosta certamen­te descreveu as imensas dificuldades pelas quais passa­vam os primeiros povoadores do rio da Prata; a revol­ta dos índios querandis, que sitiavam Buenos Aires; a trucu­lên­cia e os desmandos de Domingo de Irala que se autopro­clamara substituto de Mendoza e que, mais tarde, se tornaria o principal inimigo político de Cabe­za de Vaca.
As provações, maus-tratos e perigos vividos por De Vaca nas vastidões desoladas da América do Norte, so­mados a um passado repleto de lutas e atribulações inú­meras, parecem não ter sido suficientes para aplacar a sede de aventuras deste homem intrépido e incomum. Ao perceber que não lhe restavam chances de retornar à Flórida como governador, passou a articular, junto ao Conselho das Índias, sua nomeação como o segundo Adiantado do rio da Prata. Em setembro de 1539, finalmente alcançou seu objetivo. E em 2 de novembro de 1540 zarpou de Cádiz, outra vez no rumo da América – só que agora em direção ao sul.
É então que a trajetória deste conquistador de vi­gor inquebrantável mas invariavelmente perseguido pelo fracasso se mistura, ainda que brevemente, à história colonial do Brasil. E mesmo que Cabeza de Vaca tenha permanecido apenas alguns meses em terras hoje brasi­leiras, sua experiência poderia ter significado uma radi­cal mudança de curso no trágico relacionamento entre brancos e índios neste país – e em todo o continente. Caso suas estratégias de ação tivessem encontrado eco entre os demais conquistadores, o genocídio dos povos indígenas, as dificuldades pelas quais passaram os pró­prios colonizadores e talvez até a destruição dos am­bien­­tes selvagens, tudo poderia ter sido evitado. Hoje, enquan­to as florestas tombam e os povos indígenas da América vão sendo rapidamente acul­tu­rados ou extin­tos, a utopia de Cabeza de Vaca – à medida que se tor­na cada vez mais inalcançável – revela-se inteiramente plausível.
Há muita polêmica em torno da data e do local de nascimento de Álvar Núñez Cabeza de Vaca. O mais pro­vável é que tenha se dado em Jerez de la Frontera, no primeiro semestre de 1492. Como não existem provas documentais definitivas, alguns estudiosos preferem con­siderá-lo natural de Sevilha, enquanto que o ano de seu nascimento tem va­riado de 1490 a 1507 – data bastante improvável, uma vez que ele dificilmente seria nomeado tesoureiro da expedição de Narváez caso tives­se apenas vinte anos.
Álvar Núñez era filho de Francisco de Vera e de Te­resa Cabeza de Vaca. Seu avô paterno, Pedro de Vera, morto em 1500, foi o conquistador das ilhas Canárias e um dos heróis da reconquista de Granada. O sobrenome mais nobre, porém, era herança de dona Teresa e fora concedido à família dela em 1212, quando um certo Mar­tin Alhaja descobriu uma estreita passagem entre as es­carpas rochosas da Serra Nevada e a assinalou com o crânio de uma vaca. Por esta passagem cruzaram os exércitos dos reis de Castela, Aragon e Navarro para vencerem a importante batalha de Navas de Tolosa, em 12 de junho de 1212. Agradecidos, os soberanos conce­deram ao camponês o título de nobreza que mudaria definitivamente o nome da família.
Álvar foi o terceiro de seis irmãos que muito cedo ficaram órfãos de pai e mãe – Teresa e Francisco mor­reram, com certeza, antes de 1505. As crianças foram criadas por Beatriz de Figueroa, irmã de Teresa, e envia­das para Sevilha em 1512. Neste mesmo ano, segundo o historiador americano Morris Bishop,2 Cabeza de Va­ca alistou-se na armada que o rei Fernando, de Castela, enviou à Itália para ajudar o papa Júlio II em sua luta contra os príncipes italianos e aliados franceses. Se as­sim foi, De Vaca deve ter participado da sangren­ta ba­talha de Ravena, uma das primeiras a registrar o uso ma­ciço de armas de fogo na Europa.
Em 1513, de volta a Sevilha, Cabeza de Vaca tor­nou-se servidor do duque de Medina Sinôdia, um mo­narquista, e durante doze longos anos mergulhou no fra­gor da guerra civil travada entre a monarquia e os no­bres insurretos, chama­dos comuneros. Segundo Bishop, sua participação na defesa de uma das portas de Sevi­lha, a de Osário, foi heróica. Mais tarde, em 1527, aos 35 anos, ele foi designado tesoureiro da expedição de Pánfilo de Narváez e navegou rumo à América pela pri­meira vez.
Durante oito anos, depois de um naufrágio no lito­ral do Texas, De Vaca, Dorantes, Castillo e Estevan va­garam pelas áridas planícies do sudoes­te americano, es­capando de uma tribo apenas para caírem prisioneiros de outra. Até que um dia Cas­tillo decidiu fazer o sinal da cruz sobre índios que estavam doentes e eles imediatamente se decla­raram curados. A partir de então os es­panhóis passaram a ser considerados seres sobrenatu­rais e sua fama espalhou-se rapidamente por toda a re­gião. À medida que avançavam em direção ao Méxi­co, multidões de índios seguiam seu caminho, chamando-os de “filhos do sol”. Depois de longa marcha, os sobrevi­ventes finalmente chegaram ao México.
Graças a Naufrágios, onde narra toda sua extraor­dinária aventura, Cabeza de Vaca tornou-se homem re­lativamente famoso na Espanha. Portanto, não chegou a ser propriamente uma surpresa quando, ao saberem da situação aflitiva e destino incerto dos colonos do rio da Prata, os integrantes do Conselho das Índias o esco­lheram para o posto de Adiantado. Ainda mais que De Vaca se comprometia a investir 40 mil ducados de sua fortuna pessoal para montar a expedição. Em novem­bro de 1540, quando sua armada partiu de Cádiz, há mais de três anos nada se sabia na Metrópole sobre o que se passava na região do rio da Prata e em sua mal­fadada capital, Buenos Aires.
O que sempre esteve por trás da aventura de Cabeza de Vaca no Brasil e no Paraguai, bem como de toda a história da conquista e colonização do rio da Prata, eram as riquezas do Peru – ainda que, na época, elas fossem pouco mais do que uma miragem pois nada se sabia de efetivo sobre o império inca, com suas cidades impo­nentes, templos e tesouros grandiosos.
No entanto, desde que se iniciara a exploração da costa brasileira ao sul de São Vicente – mais especifi­camente desde que a armada de dom Nuno Manuel che­gara ao rio da Prata em 1514, seguida, dois anos mais tar­de, pela expedição de Juan Diaz de Solis –, portu­gueses e espanhóis concluíram que um reino tão rico quanto o México deveria de fato existir na costa oeste do continente. E que a maneira mais fácil de atingi-lo seria a partir do litoral sul do Brasil.
Entusiasmo para empreender essa marcha pelo vas­to sertão desconhecido, no rumo do poente, não faltaria para os conquistadores que houvessem escutado dos ín­dios do sul do Brasil, do Uruguai e do estuário do Pra­ta, as notícias a respeito da Serra da Prata e do miste­rioso rei Branco que a controlava. De fato, tanto os em­bar­cadiços da armada de dom Nuno quanto os sobrevi­ventes da expedição de Solis voltaram para a Europa impressio­nados com a coerência entre os relatos feitos por tantas e tão variadas tribos. A certeza de que ri­quezas fabulosas deveriam estar próximas era tamanha que em poucos anos o rio, antes batizado com o nome de Solis, se tornaria em definitivo rio de la Plata.
A um marinheiro português chamado Aleixo Gar­cia, inte­grante da armada de Solis, caberia confirmar a exis­tência efeti­va destas terras opulentas graças a uma ex­traordinária caminhada desde a ilha de Santa Catarina até os contrafortes dos Andes. Depois que Solis foi mor­to na entrada do rio que durante algum tempo levaria seu nome, sua expedição decidiu retornar à Espanha. Uma das caravelas, porém, naufragou na ponta sul da ilha de Santa Catarina. Da tragédia salvaram-se, entre ou­tros, Garcia, Melchior Ramirez, Henrique de Montes e um mulato chamado Pacheco. Durante mais de década estes náu­fragos viveriam entre os carijós que ocupavam a ilha.
Em 1524, porém, Garcia partiu em direção ao Peru lá chegando no ano seguinte. Trucidado pelos índios, nas margens do rio Paraguai, quando já empreendia a viagem de volta, ainda assim, ele conseguiu enviar a San­ta Catarina mensa­geiros com peças e amostras de ouro e prata.
Nesta marcha épica, que Cabeza de Vaca iria par­cial­mente refazer, Aleixo Garcia fora acompanhado por várias dezenas de guaranis e usara o caminho milenar feito por estes índios, o Peabiru (ou “o caminho cujo per­­curso se iniciou”), que mais tarde os jesuítas do Bra­sil e do Paraguai denominariam de caminho de São To­mé. A trilha partia de Cananéia, mas podia ser atingida tanto a partir de São Vicente quanto do norte de Santa Catarina, seguindo depois por mais de duzentas léguas até o Peru, sempre com oito palmos de largura e cercada de ambos os lados por determinada erva “que crescia qua­se meia vara de altura, e mesmo que se queimassem aqueles campos, sempre nascia a erva e do mesmo mo­do”.3
Antes que Cabeza de Vaca percorresse o Pea­biru, outro português o faria, e também em busca das rique­zas do Peru. Era Pero Lobo, que Martin Afonso de Sou­za mandara partir de Cananéia, em setembro de 1531, acompanhado por quarenta besteiros e quarenta espin­gardeiros, e que prometera retornar em dez meses, “com quatrocentos escravos carre­gados de ouro e prata”. Lobo e seus homens foram mortos pelos índios na confluên­cia dos rios Iguaçu e Paraná.
Depois da marcha de Cabeza de Vaca, narrada nos pri­mei­ros capítulos de seu segundo livro, Comentários, o caminho de São Tomé ficaria bastante mais conhecido. Foi largamente trilhado não só pelos castelhanos do Paraguai que queriam voltar para a Espanha partindo da costa brasileira, como também pelos escravagistas de São Vicente em busca de “peças” – como chama­vam aos índios escravizados. Em 1553 o aventureiro ale­mão Ulrico Schmidl o utilizou ao partir de Assunção rumo a São Vicente. No século XVII, as bandeiras paulistas também se serviriam desta via de comunicação para destruir as missões jesuítas do Guairá.
Quando Cabeza de Vaca desembarcou na ilha de San­ta Catarina em março de 1541, nada sabia sobre o aban­dono definitivo de Buenos Aires nem sobre a fundação de uma nova cidade rio acima, Assunção. Foi infor­ma­do de ambos acontecimentos por colonos que haviam fugido de Buenos Aires num batel e que remaram, fa­mintos e nus, até a ilha de Santa Catarina para escapar dos maus-tratos impostos pelos homens de Domingo de Irala que, desde a partida de Pedro de Mendoza e do desaparecimento de seu lugar-tenente Juan de Ayolas (a quem, aliás, Cabeza de Vaca deveria prestar obe­diên­cia, caso este ainda estivesse vivo), haviam se tornado se­nhores da situação.
Ao saber da localização de Assunção e do caminho percorrido por Garcia menos de vinte anos antes, De Vaca decidiu ir por terra até a nova cidade. Sua estada de seis meses na ilha de Santa Ca­tarina, bem como sua pas­sagem pelo atual estado do Paraná contrastam brutal­mente com a atuação dos portugueses nestas mesmas áreas. Já em 1580, a ilha de Santa Catarina encontrava-se inteiramente despovoada, pois os carijós – que os próprios portugueses costumavam chamar de “o melhor gentio da costa” – haviam sido escravizados pelos co­merciantes de São Vicente. O planalto paranaen­se, por sua vez, seria no século seguinte palco de inumeráveis massacres perpetrados pelos bandeirantes.
Ao chegar em Assunção, Cabeza de Vaca encontrou o autoritário Irala preparando-se para mais uma entrada à procura da lendária Serra da Prata, em busca da qual, anos antes, se finara Juan de Ayolas. Como novo governador, De Vaca suspendeu a expedição e – pior! – estabeleceu uma nova política indigenista que proibia a escravidão e o abuso contra o gentio guarani. Ambas as medidas lhe trouxeram inimigos mortais entre os conquistadores. Indiferente aos protestos, o Adiantado ini­ciou uma bem-sucedida campanha de pacificação das tri­bos que viviam nas redondezas da cidade.
Quando tudo parecia em paz em Assunção, o pró­prio Cabeza de Vaca partiu em busca dos fabulosos do­mínios do rei Branco e sua inexaurível Serra da Prata. A expedição sofreu terrivelmente com as cheias e os mos­quitos do Pantanal mato-grossense e retornou sem ter alcançado seu objetivo. Febril e enfraquecido, Cabeza de Vaca foi então dominado pelos homens de Irala, fi­cou aprisionado durante quase um ano e foi enviado à Espa­nha, ainda em ferros, para responder a um proces­soespúrio.
Dias após a rebelião, o regime escravocrata voltou a ser imposto aos índios que moravam em Assunção e aos que se avizinhavam com a cidade. Por causa disso Irala teve que sufocar – e o fez, a ferro e fogo – uma insur­reição indígena que durou três anos e quase dizi­mou Assunção. Em 1549, porém, já senhor absoluto da situação, o novo Adiantado pôde empreender nova ex­pedição: só então, ao atingir o território de Charcas, ele e seus homens compreenderam – com mais de dez anos de atraso – que o rei Branco era o inca, que a Serra da Prata era Potosi, e que o império que buscavam era o Peru, que fora conquistado por Francisco Pizarro em 1531. “Desfeito o erro geográfico, a região do rio da Prata é es­quecida pelo conquistador e desprezada por seus sequazes. O caminho de Cabeza de Vaca perde to­do seu valor e até a própria ocupação da costa sul bra­sileira fenece”, assegura o historiador Caio Prado Júnior.4
Por esta época Cabeza de Vaca encontrava-se no exílio, em Oran, na Argélia. Partira de Assunção, como prisioneiro, no dia 7 de março de 1545, chegando à Es­panha em fins de agosto. Pouco mais tarde, em dezembro, começaria a ser julgado em Sevilha. O processo se estenderia por oito longos anos. Contra o ex-Adiantado eram feitas trinta e seis acusações – grande parte das quais sem fundamento algum, conforme a opinião da absoluta maioria dos historiadores.
Mesmo assim, Cabeza de Vaca foi condenado a pa­gar 10 mil ducados ao Tesouro Real, preso e enviado a Madri. Seu defensor, Alonso de San Juan, recorreu da sentença, mas não pôde contar com o testemunho de habitantes de Assunção (muitos dos quais partidários de Cabeza de Vaca) – e, em Sevilha, encontravam-se apenas testemunhas de acusação, os colaboradores de Do­min­go de Irala, que tinham dinheiro e poder sufi­cientes para fazer a longa e perigosa viagem da América à Europa.
No início de 1546, Cabeza de Vaca redigiu uma Re­lación General de sus hechos, como apologia de su con­ducta e censura de sus enemigos, onde expunha seus pontos de vista com relação aos assuntos mais polê­micos que envolveram sua administração: o tratamento que de­veria ser dispensado aos aliados guaranis, o pro­jeto para abolir a escravidão indígena e pacificar as tribos vizinhas a Assunção, o repo­voa­mento de Buenos Aires, a exploração da Serra da Prata. O relatório não parece ter sido suficientemente convincente: no dia 18 de março de 1551, em Valladolid, De Vaca foi oficial­mente destituído de seu cargo de Adiantado e enviado para o exílio na África.
Quanto tempo durou a punição é um assunto que os especialistas ainda discutem. É provável que a pena tenha sido comutada quatro anos mais tarde, já que em 1555, ano em que Comentários – livro escrito por Pe­dro Hernández, relator da expedição e do breve gover­no de Álvar Núñez – foi impresso e publicado em Sevi­lha, Cabeza de Vaca, ao que tudo indica, já estava de volta à cidade. Confusão maior, no entanto, cerca os últimos anos de vida, o local e a data da morte de Ca­beza de Vaca.
É muito possível que ele tenha morrido em Sevi­lha, ainda que o inca Garcilaso de la Vega asse­gure que foi em Valladolid. A data também é bastante dis­cutida: 1557, 1559 e 1564 são as mais citadas. A mesma desin­formação cerca também os últimos anos da vida de Cabeza de Vaca. Segundo o historiador Ruy Díaz Guz­mán, sua reabilitação foi tamanha que, depois do re­torno do exílio, Álvar Núñez teria sido nomeado pre­sidente do Conselho das Índias, recebendo um soldo anual de 2 mil du­cados. Outras fontes, porém, assegu­ram que Cabeza de Vaca tornou-se prior de um convento em Sevilha, cargo que talvez tenha ocupado até sua morte.
O que parece indiscutível é que Cabeza de Vaca foi um homem bastante amargurado nos últimos anos de sua vida. Seu fracasso – como o de todos os conquis­tadores ligados à descoberta e exploração da região do rio da Prata, do rio Paraná e do Chaco paraguaio – foi imenso. O equívoco geográfico que todos estes homens compartilharam durante mais de trinta anos, a frustração de admitir que a Serra da Prata e o Rei Branco existiam de fato e, acima de tudo, a constata­ção de que tal reino – o Peru – fora conquistado por um punhado de aventureiros muito menos organizados e aparelhados do que praticamente todas as expedições que, pela via do Prata e do Paraná, haviam partido em busca destas fabulosas riquezas, deve ter arrasado definitivamente com o ânimo de Domingo de Irala e de todos os que o acompanharam nesta mal­sucedida saga que perdurou por mais de um quarto de século.
Ao contrário do fracasso imediatista de Irala, no entanto, o desmantelamento do projeto de Álvar Núñez Cabeza de Vaca de estabelecer um governo igualitário nos confins da América do Sul e fundamentar as ba­ses de uma política indigenista infinitamente mais éti­ca do que a de seus contemporâneos marcaria muito mais profundamente os destinos do continente. E ao ouro e à prata saquea­dos se somariam as centenas de culturas indígenas dizimadas em nome da ganân­cia, do etnocen­trismo e da prepotência. Arruinou-se assim a uto­pia do homem que chegou à América disposto a ensi­nar o mundo a conquistar “pela bondade, não pela ma­tança”.


NOTAS
1. BUARQUE DE HOLANDA, Sérgio. Visão do Paraíso. Compa­nhia Editora Nacional. São Paulo, 1969.
2. BISHOP, Morris. The Odissey of Cabeza de Vaca. University of Texas Press. Texas, 1956.
3. RUYZ DE MONTOYA, Antônio. Conquista Espiritual do Pa­raguai, Paraná, Uruguai e Tape. Martins Livrei­ro Editor. Porto Alegre, 1985.
4. PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e Outros Estudos.
Publicado por: http://www.lpm-editores.com.br/ em 14/12/2009.