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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Sobre os gatos e as suas supostas sete vidas

O que aconteceria se um gato pulasse de um prédio alto?


Publicado em http://www.midg.com.br/ em 17.02.2011

A sabedoria popular diz claramente que eles têm sete vidas, e ademais, ainda que caiam de um lugar bem alto sempre o farão com as quatro patas. Vários vídeos como este, mostram gatos sem nenhum arranhão depois de pular de um poste quando da tentativa de salvamento. Mas até que ponto isto é assim? Parece razoável pensar que um gato possa sobreviver a uma queda de um andar, inclusive de dois. Mas o que aconteceria se queda fosse em um prédio de 10 andares, melhor 20, vamos exagerar: 30 andares?

Com esta pergunta, nasce hoje uma nova sessão que vou batizar de "O que aconteceria?". A pergunta fica no ar até amanhã quando então escreverei todo o artigo de forma que todos podemos, neste período, verificar qual opinião mais de aproxima do que acontece na realidade. Então... quem será o primeiro a se arriscar?

Bem, algumas poucas opiniões se aproximaram da realidade e creio que somente o Kaiser Thel sabia e achei muito bacana que não tenha estragado a brincadeira. Pois vamos à continuação do post:


Em um artigo intitulado "A síndrome do edifício alto nos gatos", publicado em 1987 no Journal of the American Veterinary Medicine Association, foram estudados os ferimentos e os índices de mortalidade dos felinos que levados a clínicas veterinárias depois de uma queda que oscilava entre o 2º e o 32º andar. Acreditem ou não, de 10 gatos que sofreram a queda, 9 sobreviveram, um impressionante índice de sobrevivência de 90 %.

Mas o mais surpreendente foi descobrir que, conquanto a incidência de ferimentos e de morte atingia seu ponto máximo no andar número 7, à medida que aumentava a altura da queda... a mortalidade diminuía.

Isto acontece por causa de três variáveis principais que determina o índice de lesões e de mortalidade: a velocidade adquirida, a distância que o gato se vê obrigado a parar e a zona do gato sobre a qual se estende a força de parada.

Um gato caindo tem uma área superficial superior à proporção de massa de um humano quando cai, e pode atingir portanto uma velocidade terminal de 100 km/h (aproximadamente a metade atingida por humanos). São capazes também de girar de forma que o impacto se estenda por suas quatro patas, em vez das nossas duas frágeis pernas. E como são mais flexíveis que os humanos, podem aterrissar com as extremidades flexionadas e difundir a força do impacto através do tecido macio.

Uma das hipóteses que explica o porque a sobrevivência aumenta além do sétimo andar indica que o gato fica tenso à medida que acelera, o que reduziria sua capacidade de absorção de impacto. Mas se cair de uma altura maior, teria tempo de atingir sua velocidade terminal (deixa de acelerar), com o qual o gato relaxa um pouco mais aumentando assim sua flexibilidade e a área da seção transversal sobre a qual o impacto se difunde.

Quando um gato aterrissa, ele dobra as patas para absorver o impacto como fazemos com os joelhos. Essa ação empurrará evidentemente o corpo para baixo, sobretudo a cabeça, graças as suas quatro patas. Acima de certa altura, esta ação de dobrar as patas fará com que ele bata a cabeça no piso, ferindo a mandíbula, lesões mais comuns em tombos de gatos.

O biólogo J. B. S. Haldane descreveu em 1927 os riscos de diferentes animais ao precipitar desde as alturas:

"Um rato morre, um homem fica destroçado, um cavalo explode. Pois a resistência proporcionada pelo ar ao movimento é proporcional à superfície do objeto que se move. De modo que a resistência à queda no caso de um animal pequeno é comparativamente dez vezes maior que a força impulsora. Portanto um inseto não teme à gravidade; pode cair sem perigo de ferir-se com a queda."

O que aconteceria então com o nosso gato que caiu do 30º andar? Bem, se não for um gato gordo de armazém e que tenha todos os seus reflexos natos, é quase certo que sobreviveu provavelmente com algum ferimento, e inclusive sem nenhum. Lógico e evidente que ninguém vai sair por aí agora jogando os coitados dos bichanos dos 30º andares.

Fontes: Damn Interesting, Wikipédia e physics.info.

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